Nossa alma se estreita neste invólucro chamado corpo
A pele se torna hoje o recheio mais almejado
Jogamos fora o gomo vital para endeusarmos somente cascas
Nosso fruto perdeu seu Angio e só deixou spermas soltos num oco estéril
Eternas sementes imaturas, refogadas na anilina e enlatadas em massa
Lustrosas, estimulantes, cósmicas ou juvenis
Vende-se em pedaços o paraíso prometido
Cada bago uma soma de ilusão, eterna maçã proibida sedenta por uma boca lânguida
Suculenta nos baixios da língua mas seca como pedra depois de mordida
Seus sabores são inúmeros mas seu acorde último é sempre uma amarga insatisfação
Bendito hoje é o Ventre que mais nos engole do que dá frutos
Os cordões umbilicais do Sistema se fincam em nossos vácuos
E nos alimentam com valores mercantis..