quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O Brasil e suas bombas de Hiroshima






“A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota.”(Jean-Paul Sartre)


Todo ano cai uma bomba atômica silenciosa no Brasil, mas parece que somente o choro sofrido dos familiares das 56 mil vítimas de homicídio ecoa pelas esquinas e calçadas molhadas de sangue jovem.   ─ O pranto do povo brasileiro implora para ser ouvido pelo indiferente Estado! É fato que uma epidemia de violência assola nosso país. Por dia, no Brasil, morrem cerca de 160 pessoas vítimas de homicídio - um Carandiru diário! A média anual de homicídio, em nosso país, é maior que a de vítimas de enfrentamentos armados no mundo. Entre 2004 e 2007, 169 mil pessoas morreram nos 12 maiores conflitos mundiais. Já no Brasil, o número de mortes por homicídio no mesmo período foi 192 mil, subindo para 212 mil vítimas nos últimos quatro anos analisados pelo Mapa da Violência. (2009 a 2012)

 A juventude brasileira corre risco

Algo está errado, enquanto comemora-se a redução das taxas de mortalidade das nossas crianças, estas mesmas crianças, crescem sujeitas a se tornarem mais uma vítima da violência que se agrava e ceifa a vida da juventude brasileira. Nos últimos trinta anos, os índices de mortalidade da juventude agravaram-se. De 1980 para cá, as taxas de homicídio cresceram vertiginosamente (132,1%), sem falar (Assim como a do suicídio) do aumento dos suicídios (56,4%) e óbitos em acidentes de trânsito (28,5%)

Esses dados são desalentadores, mas infelizmente só representam a ponta visível do iceberg de muitas outras formas de violência e indiferença que permeiam cotidianamente nossa sociedade. Enquanto os brasileiros vestem suas camisas verde-amarelas para assistirem a um jogo da Copa, uma centena vítimas veste a túnica da morte. 

Enquanto do sofá criticamos conflitos do outro lado do mundo, os municípios do arco do desmatamento amazônico são palco de interesses políticos e econômicos em torno de mega empreendimentos agrícolas que movimentam madeireiras ilegais, processos de grilagem de terras, de extermínio depopulações indígenas e de trabalho escravo. Enquanto acreditamos nas verborragias ditas no Congresso, currais políticos tradicionais do coronelismo são adeptos a à pistolagem. Enquanto são gastos rios de dinheiro todo ano para purpurinar bundas no Carnaval, milhares de meninas são vítimas do turismo sexual predatório. 

Nosso país ocupa a 7ª posição no conjunto dos 95 países do mundo analisados com maior taxa de homicídio. Segundo o Mapa da Violência de 2012, mais de 72 municípios brasileiros possuem taxas acima de 100 homicídios por 100 mil jovens, nível considerado já epidêmico. O estudo traz dados angustiantes nos quais revelam que os homicídios são hoje a principal causa de morte de brasileiros de 15 a 24 anos, atingindo especialmente jovens negros (71% pretos e pardos) do sexo masculino (92%), moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos.

A morte acompanha as mazelas sociais

O mais alarma é a tendência crescente dessa mortalidade seletiva, que escolhe a vítima pela cor de pele.  Destaque para os estados que possuem mais homicídios de negros: Alagoas fica com o sombrio 1° lugar de estado mais letal para os negros (200 homicídios por 100 mil jovens) e encabeçam a lista ainda o Espirito Santo, Distrito Federal, Pernambuco e Bahia. Sim o Distrito Federal!

Apesar das mulheres representarem apenas 8% do total homicídios, cabe pontuar que essas vêm sendo cada vez mais vitimadas. Anualmente, o número de mulheres assassinadas cresce 4,6% e, mais uma vez, a lista macabra de homicídios é composta em sua maioria por jovens. O Distrito Federal, neste quesito, aparece novamente praticamente no topo. 

Tais dados demonstram que o Brasil convive com uma espécie epidemia da violência, cujo caráter mais letal é tragicamente a indiferença quase cumplicidade de grande parcela da sociedade. Um cenário sinistro como esse o nosso deveria ser tratado como um verdadeiro caos social, mas diferentemente disso, o que vemos é um grau assustador de complacência do Estado em relação a essa tragédia. E como o sistema consegue isso? Simplesmente naturalizando a violência.

Brunna Guimarães Rodrigues, jornalista e graduanda em filosofia pela UnB.

Homem plástico



Engoliu tanto Vazio que entrou em coma
Comprou tanto que se vendeu
Estudou tanto e nada aprendeu
Trabalhou tanto, mas nada criou
Estranho homem esse,
Que faz tudo, menos o que o espirito quer
Que quer tudo, menos o necessário
Que rir de todos, mas não chora por ninguém
Estranho esse,
Que tem medo de morrer, mas se mata em vida
Que retém o dinheiro, mas joga fora o que de valioso tem
Que sonha os sonhos de todos
Que ama bonecos de plásticos
Que goza insatisfações
Estranho estranho
Por que acorda só para dormir?
Por que perde tempo com inutilidades?
Por que espera dos outros quando só esquenta o sofá?
Por que se maquia quando tua alma mal respira?
Aliás, por que respira? De que vale inspirar sem inspiração?
Por que procura pérolas em um mar de lama, afinal?
Saia da ficção que te impuseram
E se torne verdadeiramente real.

Beba vida!





Enquanto nossos olhos beijam vitrines e telas vazias a beleza do mundo vem sendo esquecida num canto qualquer.

Não deixe seu espirito partir, antes disso:

Abra a janela, rasgue a rotina, corra como criança, abrace arvores, se encharque de cachoeira, arrume as malas, doe e se doe, se desligue do que nada informa e forme seus próprios valores, saia da gaiola, voe alto, se lambuze com o que ama, leia bons livros, jogue fora preconceitos e julgamentos, sinta mais as pessoas, escreva teus pensamentos, agarre teus velhos sonhos,  e deixe para trás  ressentimentos, se surpreenda, descomplique, estude tua alma e não meras apostilas, ensine e aprenda aos montes, olhe mais para o céu e toque mais a terra, e o principal - se desconecte do que cheira a vazio, e beba mais alma!