“A
violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma
derrota.”(Jean-Paul
Sartre)
Todo
ano cai uma bomba atômica silenciosa no Brasil, mas parece que somente o choro
sofrido dos familiares das 56 mil vítimas de homicídio ecoa pelas esquinas e
calçadas molhadas de sangue jovem. ─ O
pranto do povo brasileiro implora para ser ouvido pelo indiferente Estado! É
fato que uma epidemia de violência assola nosso país. Por dia, no Brasil, morrem cerca de 160 pessoas
vítimas de homicídio - um Carandiru diário! A média anual de homicídio, em
nosso país, é maior que a de vítimas de enfrentamentos armados no mundo.
Entre 2004 e 2007, 169 mil pessoas morreram nos 12 maiores conflitos mundiais.
Já no Brasil, o número de mortes por homicídio no mesmo período foi 192 mil,
subindo para 212 mil vítimas nos últimos quatro anos analisados pelo Mapa da
Violência. (2009 a 2012)
A juventude brasileira corre risco
Algo
está errado, enquanto comemora-se
a redução das taxas de mortalidade das nossas crianças, estas mesmas crianças,
crescem sujeitas a se tornarem mais uma vítima da violência que se agrava e
ceifa a vida da juventude brasileira. Nos últimos trinta anos, os índices de
mortalidade da juventude agravaram-se. De 1980 para cá, as taxas de
homicídio cresceram vertiginosamente (132,1%),
sem falar (Assim como a do suicídio) do aumento dos suicídios (56,4%) e óbitos em acidentes de
trânsito (28,5%).
Esses
dados são desalentadores, mas infelizmente só representam a ponta visível do
iceberg de muitas outras formas de violência e indiferença que permeiam cotidianamente
nossa sociedade. Enquanto os brasileiros vestem suas camisas verde-amarelas
para assistirem a um jogo da Copa, uma centena vítimas veste a túnica da morte.
Enquanto do sofá criticamos conflitos do outro lado do mundo, os municípios do arco do desmatamento amazônico são palco de interesses políticos e econômicos em torno de mega empreendimentos agrícolas que movimentam madeireiras ilegais, processos de grilagem de terras, de extermínio depopulações indígenas e de trabalho escravo. Enquanto acreditamos nas verborragias ditas no Congresso, currais políticos tradicionais do coronelismo são adeptos a à pistolagem. Enquanto são gastos rios de dinheiro todo ano para purpurinar bundas no Carnaval, milhares de meninas são vítimas do turismo sexual predatório.
Enquanto do sofá criticamos conflitos do outro lado do mundo, os municípios do arco do desmatamento amazônico são palco de interesses políticos e econômicos em torno de mega empreendimentos agrícolas que movimentam madeireiras ilegais, processos de grilagem de terras, de extermínio depopulações indígenas e de trabalho escravo. Enquanto acreditamos nas verborragias ditas no Congresso, currais políticos tradicionais do coronelismo são adeptos a à pistolagem. Enquanto são gastos rios de dinheiro todo ano para purpurinar bundas no Carnaval, milhares de meninas são vítimas do turismo sexual predatório.
Nosso país ocupa a 7ª posição no conjunto dos 95 países
do mundo analisados com maior taxa de homicídio. Segundo o Mapa da Violência de
2012, mais de 72 municípios
brasileiros possuem taxas acima de 100 homicídios por 100 mil jovens, nível
considerado já epidêmico. O estudo traz dados angustiantes nos quais revelam
que os homicídios são hoje a principal causa de morte de brasileiros de
15 a 24 anos, atingindo especialmente jovens negros (71% pretos e pardos) do
sexo masculino (92%), moradores das periferias e áreas metropolitanas dos
centros urbanos.
A morte
acompanha as mazelas sociais
O mais alarma é a tendência crescente dessa mortalidade seletiva, que
escolhe a vítima pela cor de pele.
Destaque para os estados que possuem mais homicídios de negros: Alagoas
fica com o sombrio 1° lugar de estado mais letal para os negros (200 homicídios
por 100 mil jovens) e encabeçam a lista ainda o Espirito Santo, Distrito
Federal, Pernambuco e Bahia. Sim o Distrito Federal!
Apesar das mulheres representarem apenas 8% do total homicídios, cabe pontuar que
essas vêm sendo cada vez mais vitimadas. Anualmente, o número de mulheres
assassinadas cresce 4,6% e, mais uma vez, a lista macabra de homicídios é
composta em sua maioria por jovens. O Distrito Federal, neste quesito, aparece
novamente praticamente no topo.
Tais
dados demonstram que o Brasil convive com uma espécie epidemia da violência,
cujo caráter mais letal é tragicamente a indiferença quase cumplicidade de
grande parcela da sociedade. Um cenário sinistro como esse o nosso deveria ser tratado como um verdadeiro caos
social, mas diferentemente disso, o que vemos é um grau assustador de complacência
do Estado em relação a essa tragédia. E como o sistema consegue isso?
Simplesmente naturalizando a violência.
Brunna
Guimarães Rodrigues, jornalista e graduanda em filosofia pela UnB.
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