Apesar de nós brasileiros
estarmos pagando contas altíssimas de energia, parece que as sombras sempre arquitetam
contra a luz. Os gaviões do poder – se não abutres – de longe sempre farejam o
cheiro do pensamento crítico. Coincidência, ou não, vale a metáfora, já que a
UnB estava complemente as escuras quando recebeu Luciana Genro, do PSOL. Seja
ela, ou qualquer pessoa que tente abalar a estrutura promíscua do poder, o velho
alarme sempre ressoa - numa clara tentativa de silenciar a razão.
Quando certas palavras
tocam nos pontos nevrálgicos do país, coincidências como essa sempre ocorrem. Seja
falta de luz, falta de tempo, microfones silenciados, cortes de frases por
editores (vide a hashtag #PodemosTirarSeAcharMelhor), horários reduzidos, e espetáculos ou violência a parte, tudo
parece conspirar contra aqueles que estão imbuídos pelo espirito da mudança.
Em busca de um caminho
Apesar da escuridão e do
espaço reduzido, mais de 300 pessoas forçavam os ouvidos para escutar alternativas
que de fato ressoassem nas causas sociais. As palavras de Luciana e de todos que
debateram na noite passada (Rafael Madeira, candidato a Deputado
Federal nas últimas eleições pelo PSOL e Luiz Araújo, presidente
nacional do partido), longe de serem levianas (como diria Aécio Neves), foram
por demais verdadeiras.
Em seu discurso, Luciana
Genro pontuou ser imperativo os jovens tomarem as rédeas do presente. Destacou
as inquietudes da juventude, hoje sujeita a uma violência silenciosa que assola
nosso país e bate quase sempre na porta dos mais pobres. Que todos saibam que
por ano cai como se fosse uma bomba atômica no Brasil – e esta faz mais 55 mil
vítimas por causa dos homicídios.
Foco na transformação.
Sendo uma clara oposição de
esquerda no governo, Luciana de praxe não mediu palavras para blindar ninguém.
Pelo contrário, lembrou do gesto opressor de Aécio Neves durante a campanha,
onde inúmeras vezes levantou o dedo para ela – uma mulher - e disse em alto e
bom som que as mulheres não podem, nem devem se sujeitar a “dedos na cara”. Com
isso, instigou o movimento feminista a continuar e fortalecer a sua luta, no
sentido de garantir os direitos da mulher e seu papel nessa sociedade por
deveras machista.
Ao longo de sua fala,
Luciana pontua que o “projeto de Aécio”, apesar dele não ter ganho, acabou
sendo implementado pelo próprio PT. Sublinha que a comida sumiu de fato das
mesas dos brasileiros, que a luz e a gasolina aumentaram e que os ajustes este
ano cortaram as áreas sociais, sendo que a mais atingida foi à educação, que
acabou perdendo mais R$ 7 bilhões. “ ─ Isso tudo ocorre hoje porque o PT se
entregou há muito tempo aos interesses neoliberais”, insinua ela,
complementando que o PT não representa mais a esquerda, mas tornou-se um
partido de gabinete, de parlamentares e cargos de confiança comprados. “O PT hoje
distribui ao povo as migalhas da mesa farta do poder. O partido vive e respira
só o poder”, diz Luciana, destacando que o ideal (antigo) do Partido dos Trabalhadores,
foi barateado e comprado pelos senhores de sapatos dourados, em prol da causa
neoliberal.
De baixo de uma lona
fervilhante, ela criticou as relações promíscuas das empreiteiras com a
política; taxou as eleições de serem hoje completamente viciadas; e afirmou que
a grande mídia – capitaneada pela Rede Globo – é uma verdadeira prostituta do
sistema liberal. Em sua fala, ela lembrou que Aécio e outros
personagens como a ministra Kátia Abreu e o senador José Agripino Maia (DEM-RN),
fortalecem medidas reacionárias que vão na contramão dos interesses sociais.
Por fim, e ainda as
escuras, ela estimula os estudantes a contribuírem com as lutas sociais e os
incita a demandarem do governo um maior fortalecimento dos mecanismo de
participação direta da sociedade na política. Sua palavra, de todo, tentou vocalizar
esta luta, que, de acordo com ela, colocará a baixo a estrutura política do
país, que há muito se deita com o capital.
Não se deve dobrar pelo
poder
Sobre as manifestações do
dia 15 de março, diz que a maioria estava imbuída de sentimentos direitistas,
justamente por estes não conseguirem enxergar que existe uma oposição de
esquerda – “que de fato busca fazer uma transformação no país”. Para Luciana
Genro, um partido deve ser “uma caixa de ressonância, um espelho limpo que reflita
as demandas sociais”.
Os demais palestrantes fizeram
discursos em consonância com o de Luciana. O professor da UnB e atual presidente
nacional do PSOL, Luiz Araújo, apontou a vulnerabilidade dos trabalhadores, e
diz que estes não têm mecanismos para se proteger da crise econômica.
Propostas indecentes
Ele criticou ainda as
pautas conservadoras – para não dizer perigosas – do presidente da Câmara dos
Deputados, o nefasto Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que vem tirando da gaveta pautas
absurdas como: a da liberação de transgênicos; a da PEC 215, que transfere da
União para o Legislativo a competência na demarcação de terras indígenas e
possibilita a revisão das demarcações. Importante destacar também que Cunha vem
ainda engavetando textos como o Código da Mineração, que busca cobrar mais
impostos do setor mineral e condicionar a exploração do solo brasileiro a
licitações prévias; e ajudando a bloquear a criação da CPI dos Planos de Saúde.
Fora isso, no cabedal de
decisões vergonhosas neste começo de ano, Cunha saiu na frente também ao
anunciar em fevereiro a autorização do pagamento de passagens para mulheres de
parlamentares, sem contar os inúmeros benefícios que liberou em favor destes. Numa
época de grave crise econômica – no qual o mais óbvio seria enxugar a gastança
e diminuir, como um todo, as mordomias para quem não precisa, ele aprovou
também o aumento de todas as despesas com parlamentares, incluindo verba de
gabinete, auxílio-moradia e cota parlamentar.
Tanto o professor Araújo
quanto Rafael Madeira, falaram sobre os cortes feito pelo governo, e dizem que
as universidades, públicas ou privadas, vêm sentido muito os efeitos destes. Rafael destaca ainda necessidade do governo
taxar as grandes fortunas e se mostra totalmente contrário a redução da
maioridade penal.
Em seus respectivos
discursos, os três (Luciana Genro , Luís Araújo e Rafael Madeira) convocam os
estudantes a irem as ruas contra a política neoliberal e não deixam de lembrar
que hoje dia 26 de março – é o DIA NACIONAL DE LUTA PELA EDUCAÇÃO.
A concentração aqui em
Brasília, começa agora as 9h, ao lado da Biblioteca Nacional!
“Convocamos os estudantes
a manifestar nas portas de todas as universidades públicas e privadas do Brasil
contra os cortes do governos na área da educação!”
por Brunna Guimarães, jornalista e graduanda em filosofia, para O MIRACULOSO.
CONFIRA NO SITE http://www.miraculoso.com.br/brasil/412-hastag-podemos-deixa-la-no-breu-se-achar-melhor
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