sábado, 17 de setembro de 2011

1984: uma ficção não tão fictícia


“Num tempo de engano universal, dizer a verdade é um acto revolucionário."  George Orwell

Imagine um mundo onde manifestar o pensamento não somente é um crime que implica a própria morte, mas pior que isto, cometer a “crimidéia” - de pensar de forma crítica, diferente da massa sonâmbula que não reflete nem cria - é como morrer psicologicamente (por culpa e remorso) antes mesmo de ser capturado pela “Polícia do Pensamento”. Imagine um tempo onde à repressão e o medo reinam, onde se fabricam ou desconstroem verdades a bel prazer dos interesses do Sistema e até mesmo onde amar já não é mais permitido.
 
É este contexto opressivo e cinzento que o leitor irá se deparar nas páginas do livro de George Orwell. Ao ler ‘1984’, senti uma sensação no mínimo estranha, a cada linha da ficção futurista de Orwell, ficava mais inquieta ao perceber o quão próximos estamos desta sufocante realidade descrita por ele. 1984, mais do que um livro de política é uma grande metáfora da realidade que estamos construindo.

 

O livro conta a história de Winston Smith, um funcionário do Ministério da Verdade. Seu ofício? Transformar, ou melhor, deturpar a realidade. Dependendo do interesse do Partido no momento, Smith reescreve, altera e incinera dados que possam contradizer as verdades do Partido. Estranhamente similar ao trabalho questionável da atual corporação midiática. Por meio de simulacros, bricolagens e montagens, a grande mídia age como prostituta a serviço dos interesses econômicos e políticos, ao selecionar e organizar as informações que se adequam somente ao veículo ou meio de transmissão ditado pelos poderosos.

É bom saber que atualmente no Brasil, 94% dos meios de comunicação estão nas mãos de apenas nove famílias, e são estes conglomerados que influenciam fortemente a política, a economia e a construção da nossa realidade. São eles que mandam e desmandam no Brasil, pois quem controla a informação dirige a opinião pública.

Mas voltemos a 1984. No livro uma elite dirigente do regime totalitarista mantém sob seu jugo intelectual e cultural as camadas consideradas “inferiores”, por meio da batuta onipresente do Grande Irmão (Big Brother). Este, chefe de governo imaginário ou real, detém o poder sobre a vida e pensamento de todos. É desta forma, que Estado vigia os indivíduos, buscando manter assim um sistema político coeso internamente. Isso é obtido em grande parte não só pela opressão da Polícia do Pensamento, mas também pela construção de um idioma totalitário denominado a “Novilíngua”. O objetivo desta é tornar cada vez mais o pensamento das pessoas igual, massificado, impedindo assim a expressão de qualquer opinião diferente e contrária ao Partido.

Restringindo as formas de expressão, controlando o pensamento através de induções e “hipnoses” malignas, o Estado aos poucos vai suprimindo a individualidade com o propósito de destinar toda a vida dos cidadãos aos seus interesses. Estes, entorpecidos, influenciados pelos eventos com fachadas políticas e patrióticas acabam sendo reduzidos a peças que somente servem ao estado ou ao mercado através do controle total.

O poder está em se despedaçar os cérebros humanos e tornar a juntá-los da forma que se entender" (1984, Orwell).

Eu não sei vocês, mas tenho a nítida impressão que nossa sociedade está caminhando domesticada em direção a mais essa jaula perversa: a da dominação do pensamento por parte do Sistema. A grande maioria não percebe, mas estamos diante de uma força brutal que tenta impor ininterruptamente valores éticos e padrões culturais de um grupo para todo o conjunto social. E qual é o interesse do Sistema com isso? Simplesmente modelar nossa conduta e formatá-la em consciência ajustada à economia do mercado. Ao unificar e padronizar o indivíduo, o Sistema algema a mente do Ser com seus signos e com isso a sociedade se transforma em um mundo sem oposição, em um mundo assustadoramente parecido ao de George Orwell.

Ai está a dica da semana, leiam e vejam se estou sendo apocalíptica demais ou se aliem contra estes avanços tecnológicos que almejam nos vigiar totalmente, contra estas intervenções ditas “humanitárias” nos países feita pelos Imperialistas para assegurar a “paz”, contra estes programas emburrecedores que a grande mídia nos oferece, onde só nos embota a mente e nos manipula, enfim reflitam as questões que o Orwell fantasticamente nos apresenta em seu livro e vamos a luta!! Abaixo ao Grande Irmão!

Além da leitura desta obra de Orwell, recomendo “A revolução dos bichos”, o livro “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, e o próprio filme “1984”, dirigido por Michael Redford.




Um comentário:

FB disse...

Brunna, na sua opinião quem seria hoje em dia no Brasil aquilo que vc chama de "Sistema". E quem seria o Big Brother?