Enquanto nossos governantes e empresários estouravam champanhes em suas coberturas palacianas comemorando a posição do Brasil de 6º maior economia do mundo, milhões de brasileiros, na virada do ano, eram castigados pelas enchentes que a cada ano fazem mais vítimas e tragam mais vidas devido à negligência e inércia dolosa dos dirigentes do Brasil.
Se o país gosta de ostentar números, é importante frisar que o Brasil está entre as dez nações com mais mortes em enchentes do mundo, sendo que ano passado morreram mais de 1.500 pessoas por causa das inundações e deslizamentos de terras, deixando ainda milhões de pessoas desabrigadas.
Comparado a 2010, na qual morreram 473 pessoas, o número de mortes em 2011 triplicou. Será que o lamentável aumento foi propiciado pelo nosso Ministro da Integração que destinou 90% da verba pública contra enchentes no último ano para o seu privilegiado estado? O ministro nega com cara de bom moço este direcionamento político do dinheiro, e assim, o velho teatro de demagogias e mentiras se repete na arena política..
Mais um ano se passou e o povo continua pagando, muitas vezes com a própria vida, o preço de políticas públicas péssimas ou mal sucedidas nas áreas de habitação, infraestrutura e instalações sanitárias. O vazio institucional deixado pela lacuna da gestão metropolitana agrava, ou melhor, causa a maior parte das mortes na época das chuvas, já que os dirigentes, com raras exceções, fazem vista grossa quando a população – não absorvida pela cidade formal – ocupa desordenadamente e por falta de opção, regiões críticas, periféricas, geralmente de encosta ou ribeirinhas, em sub-moradias, sem o mínimo acompanhamento de infraestrutura necessário.
As péssimas condições de moradia dada ao do povo brasileiro, o pouco controle sobre o uso do solo, o excesso de impermeabilização, falta de limpeza pública e a inexperiência dos profissionais responsáveis pelos órgãos de planejamento da drenagem das águas, contribuem para alimentar a tragédia causada pelas enchentes.
Sem melhorias visíveis nestes últimos anos no controle de enchentes, que deveriam permitir o manejo sustentável das águas pluviais, 2012 já começa bem amargo para a população de inúmeras regiões brasileiras. Já são 71 municípios mineiros que decretaram situação de emergência e no Rio de Janeiro, mais de 25 mil pessoas estão fora de casa por causa das inundações.
Enquanto aumentam o número de vítimas devido a indiferença do Estado, este tenta nos iludir espetacularizando a economia do Brasil. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o Brasil vai ser a 5° economia do mundo antes de 2015. Esse ranking seria excelente se não valesse somente para uma minoriazinha abastada que controla o país, pois a verdade é que a maior parte da população sente na pele todos os dias a lamentável posição do país no que se refere ao Índice de Desenvolvimento Humano, ou seja, a 84º posição, um pouco acima de Zâmbia e Uganda.
Sermos a sexta ou quinta economia do mundo de nada vale, se este desenvolvimento abarca poucos. Atualmente quase 20 milhões de brasileiros estão situados abaixo da linha da pobreza absoluta, 18 milhões são analfabetos, e a maioria ganha um salário de fome que não dá para suprir nem as necessidades mais básicas.
Para termos uma ideia da diferença salarial gritante do nosso país comparado a outros países desenvolvidos, podemos observar que o salário mínimo mensal no Reino Unido é equivalente a 2.650 reais, e o nosso será de apenas 622 reais a partir deste mês de janeiro. Enquanto nossa educação, saúde, saneamento, transporte, moradia, e segurança pública vão tendo seus recursos cortados e desviados, o país continua sonhando em passar a França e jogar um bolão na Copa.
B.G
http://miraculoso.com.br/
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