quinta-feira, 8 de julho de 2010

"Subi o no topo da minha carreira e lá de cima me joguei"

Nicolas behr

Pescador de Egos




Nossos sonhos são grãos de poeira nas solas do senhor dos Sapatos Dourados
Dos sulcos secos da nossa mente surge a homérica barragem chamada Tevejo
Em horário nobre suas comportas se abrem para naufragar algum resquício de
Pensamento insistente e refrescar de forma deliciosa o fálico ego.
As águas de Tevejo são mais cristalinas do que aquelas que Narciso se amou.
Os peixes de Tevejo são como moedas de ouro reluzentes,
Como loucos tentamos capturá-los, mas estes são rápidos demais e
Com ajuda do espelho d’água iludem o inocente pescador,
Que por mais veloz que seja, sua mão raramente encontra o que a boca anseia
Muitos são os que mergulham em busca dos preciosos Dourados,
Nadam, nadam e nadam pelas profundezas abissais do rio,
Sem ar sonham tocar os expirais iluminados, mas em vão, pois só encontram lama
E quando já estão prestes a sufocar, em profundo desespero de nada encontrar
Dos confins da terra surge uma bela ninfa com sua calda de cascavel e voz de sereia
E com olhar malicioso lhes entrega uma rede repleta de Dourados
Radiantes, os pescadores se perdem nos feixes hipnóticos
Ao se contemplarem na face do ouro vivem a ilusão do preenchimento
Nem percebem o ar esvair..se perdem completamente num êxtase quimérico
E das escamas douradas refletidas vivem uma vida mais bela que a própria
Mamam nas tetas quentes da alienação e gozam o gozo refletido do seu próprio Outro
E assim..vão morrendo languidamente em seu paraiso errante
Levando consigo numa fé carnal - um dourado
Mal sabendo que um barqueiro sombrio lhes aguarda sorrindo

Poucos são os que em sua última gama de ar percebem o engôdo
Estes, se apressam em soltar sua preciosa rede
Em um caudal desespero se agitam para cima em busca deles próprios
Nadam nadam nadam mas não saem do lugar
Pois o ego que levam dentro de si pesa demais para deixar
E depois de tanto tempo sendo refinado e talhado
O ouro lhes corta de vez o peito feito lâminas vindo de dentro
E de todos os poros esvaem o cáustico metal
Tomando sua legitima forma..


- Mais um dourado abissal para minha coleção, diz sorrindo maquiavélico o sr. de sapatos dourados olhando para seu pequeno aquário.

B.

terça-feira, 6 de julho de 2010


Seres infláveis


Vivemos na era dos idiotas felizes
Sorrimos bobos e com cabresto nos olhos vemos o que querem que vejamos
Trocamos nossa consciência pelo conformismo sonso
Negamos o conhecimento em troca de bundas e gozos
O que sai da nossa boca é a escarra de um coração doente
Nossas mentes não são mais nossas
Standartizadas, adulteradas e rebaixadas
Nos tornamos escravos sem dialética
Nossos corpos não nos pertencem
Vitrines frias, etiquetas ambulantes, gaiolas sem pássaros
Sonhamos acordados com o Vazio
Oco, cavo, vácuo não se engane o vazio ocupa espaço
Eternos sonâmbulos errantes
Nossos sonhos são fabricados em série, são os desejos da maioria
Tem enlatados para todas as idades e gostos
- Parque de diversão para os adultos!
- Maçãs do sexo para as crianças!

Compre compre compre porque nós o compramos para isso!
Casca, carapaça, somente pele porosa e arcaica
Esponja do coito sem cosmo, da falácia ouvida, do riso estúpido
Bonecos de ventríloquo da tv, narcisos afogados pelo seu próprio espelho
A imagem nos fabricou a própria imagem e semelhança
Seres infláveis, corpos sem espíritos
O sistema nos mete com lubrificante estereótipos e valores
Lânguidos, usados, suados e descartados
É o que somos!
Massa sem energia
Olhar sem vida
Homens sem fé
Somente pó a mercê do vento
Drogados pela idiotice

B.