quinta-feira, 26 de março de 2015

Hastag #Podemos deixá-la no breu, se achar melhor








Apesar de nós brasileiros estarmos pagando contas altíssimas de energia, parece que as sombras sempre arquitetam contra a luz. Os gaviões do poder – se não abutres – de longe sempre farejam o cheiro do pensamento crítico. Coincidência, ou não, vale a metáfora, já que a UnB estava complemente as escuras quando recebeu Luciana Genro, do PSOL. Seja ela, ou qualquer pessoa que tente abalar a estrutura promíscua do poder, o velho alarme sempre ressoa - numa clara tentativa de silenciar a razão. 


Quando certas palavras tocam nos pontos nevrálgicos do país, coincidências como essa sempre ocorrem. Seja falta de luz, falta de tempo, microfones silenciados, cortes de frases por editores (vide a hashtag #PodemosTirarSeAcharMelhor), horários reduzidos,  e espetáculos ou violência a parte, tudo parece conspirar contra aqueles que estão imbuídos pelo espirito da mudança. 


Em busca de um caminho


Apesar da escuridão e do espaço reduzido, mais de 300 pessoas forçavam os ouvidos para escutar alternativas que de fato ressoassem nas causas sociais.  As palavras de Luciana e de todos que debateram na noite passada (Rafael Madeira, candidato a Deputado Federal nas últimas eleições pelo PSOL e Luiz Araújo, presidente nacional do partido), longe de serem levianas (como diria Aécio Neves), foram por demais verdadeiras.


Em seu discurso, Luciana Genro pontuou ser imperativo os jovens tomarem as rédeas do presente. Destacou as inquietudes da juventude, hoje sujeita a uma violência silenciosa que assola nosso país e bate quase sempre na porta dos mais pobres. Que todos saibam que por ano cai como se fosse uma bomba atômica no Brasil – e esta faz mais 55 mil vítimas por causa dos homicídios. 


Foco na transformação. 


Sendo uma clara oposição de esquerda no governo, Luciana de praxe não mediu palavras para blindar ninguém. Pelo contrário, lembrou do gesto opressor de Aécio Neves durante a campanha, onde inúmeras vezes levantou o dedo para ela – uma mulher - e disse em alto e bom som que as mulheres não podem, nem devem se sujeitar a “dedos na cara”. Com isso, instigou o movimento feminista a continuar e fortalecer a sua luta, no sentido de garantir os direitos da mulher e seu papel nessa sociedade por deveras machista. 


Ao longo de sua fala, Luciana pontua que o “projeto de Aécio”, apesar dele não ter ganho, acabou sendo implementado pelo próprio PT. Sublinha que a comida sumiu de fato das mesas dos brasileiros, que a luz e a gasolina aumentaram e que os ajustes este ano cortaram as áreas sociais, sendo que a mais atingida foi à educação, que acabou perdendo mais R$ 7 bilhões. “ ─ Isso tudo ocorre hoje porque o PT se entregou há muito tempo aos interesses neoliberais”, insinua ela, complementando que o PT não representa mais a esquerda, mas tornou-se um partido de gabinete, de parlamentares e cargos de confiança comprados. “O PT hoje distribui ao povo as migalhas da mesa farta do poder. O partido vive e respira só o poder”, diz Luciana, destacando que o ideal (antigo) do Partido dos Trabalhadores, foi barateado e comprado pelos senhores de sapatos dourados, em prol da causa neoliberal. 


De baixo de uma lona fervilhante, ela criticou as relações promíscuas das empreiteiras com a política; taxou as eleições de serem hoje completamente viciadas; e afirmou que a grande mídia – capitaneada pela Rede Globo – é uma verdadeira prostituta do sistema liberal.   Em sua fala, ela lembrou que Aécio e outros personagens como a ministra Kátia Abreu e o senador José Agripino Maia (DEM-RN), fortalecem medidas reacionárias que vão na contramão dos interesses sociais. 


Por fim, e ainda as escuras, ela estimula os estudantes a contribuírem com as lutas sociais e os incita a demandarem do governo um maior fortalecimento dos mecanismo de participação direta da sociedade na política. Sua palavra, de todo, tentou vocalizar esta luta, que, de acordo com ela, colocará a baixo a estrutura política do país, que há muito se deita com o capital.


Não se deve dobrar pelo poder


Sobre as manifestações do dia 15 de março, diz que a maioria estava imbuída de sentimentos direitistas, justamente por estes não conseguirem enxergar que existe uma oposição de esquerda – “que de fato busca fazer uma transformação no país”. Para Luciana Genro, um partido deve ser “uma caixa de ressonância, um espelho limpo que reflita as demandas sociais”.


Os demais palestrantes fizeram discursos em consonância com o de Luciana. O professor da UnB e atual presidente nacional do PSOL, Luiz Araújo, apontou a vulnerabilidade dos trabalhadores, e diz que estes não têm mecanismos para se proteger da crise econômica. 


Propostas indecentes


Ele criticou ainda as pautas conservadoras – para não dizer perigosas – do presidente da Câmara dos Deputados, o nefasto Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que vem tirando da gaveta pautas absurdas como: a da liberação de transgênicos; a da PEC 215, que transfere da União para o Legislativo a competência na demarcação de terras indígenas e possibilita a revisão das demarcações. Importante destacar também que Cunha vem ainda engavetando textos como o Código da Mineração, que busca cobrar mais impostos do setor mineral e condicionar a exploração do solo brasileiro a licitações prévias; e ajudando a bloquear a criação da CPI dos Planos de Saúde.


Fora isso, no cabedal de decisões vergonhosas neste começo de ano, Cunha saiu na frente também ao anunciar em fevereiro a autorização do pagamento de passagens para mulheres de parlamentares, sem contar os inúmeros benefícios que liberou em favor destes. Numa época de grave crise econômica – no qual o mais óbvio seria enxugar a gastança e diminuir, como um todo, as mordomias para quem não precisa, ele aprovou também o aumento de todas as despesas com parlamentares, incluindo verba de gabinete, auxílio-moradia e cota parlamentar. 


Tanto o professor Araújo quanto Rafael Madeira, falaram sobre os cortes feito pelo governo, e dizem que as universidades, públicas ou privadas, vêm sentido muito os efeitos destes.  Rafael destaca ainda necessidade do governo taxar as grandes fortunas e se mostra totalmente contrário a redução da maioridade penal.


Em seus respectivos discursos, os três (Luciana Genro , Luís Araújo e Rafael Madeira) convocam os estudantes a irem as ruas contra a política neoliberal e não deixam de lembrar que hoje dia 26 de março – é o DIA NACIONAL DE LUTA PELA EDUCAÇÃO. 


A concentração aqui em Brasília, começa agora as 9h, ao lado da Biblioteca Nacional!


“Convocamos os estudantes a manifestar nas portas de todas as universidades públicas e privadas do Brasil contra os cortes do governos na área da educação!”

por Brunna Guimarães, jornalista e graduanda em filosofia, para O MIRACULOSO.

CONFIRA NO SITE http://www.miraculoso.com.br/brasil/412-hastag-podemos-deixa-la-no-breu-se-achar-melhor

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O Brasil e suas bombas de Hiroshima






“A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota.”(Jean-Paul Sartre)


Todo ano cai uma bomba atômica silenciosa no Brasil, mas parece que somente o choro sofrido dos familiares das 56 mil vítimas de homicídio ecoa pelas esquinas e calçadas molhadas de sangue jovem.   ─ O pranto do povo brasileiro implora para ser ouvido pelo indiferente Estado! É fato que uma epidemia de violência assola nosso país. Por dia, no Brasil, morrem cerca de 160 pessoas vítimas de homicídio - um Carandiru diário! A média anual de homicídio, em nosso país, é maior que a de vítimas de enfrentamentos armados no mundo. Entre 2004 e 2007, 169 mil pessoas morreram nos 12 maiores conflitos mundiais. Já no Brasil, o número de mortes por homicídio no mesmo período foi 192 mil, subindo para 212 mil vítimas nos últimos quatro anos analisados pelo Mapa da Violência. (2009 a 2012)

 A juventude brasileira corre risco

Algo está errado, enquanto comemora-se a redução das taxas de mortalidade das nossas crianças, estas mesmas crianças, crescem sujeitas a se tornarem mais uma vítima da violência que se agrava e ceifa a vida da juventude brasileira. Nos últimos trinta anos, os índices de mortalidade da juventude agravaram-se. De 1980 para cá, as taxas de homicídio cresceram vertiginosamente (132,1%), sem falar (Assim como a do suicídio) do aumento dos suicídios (56,4%) e óbitos em acidentes de trânsito (28,5%)

Esses dados são desalentadores, mas infelizmente só representam a ponta visível do iceberg de muitas outras formas de violência e indiferença que permeiam cotidianamente nossa sociedade. Enquanto os brasileiros vestem suas camisas verde-amarelas para assistirem a um jogo da Copa, uma centena vítimas veste a túnica da morte. 

Enquanto do sofá criticamos conflitos do outro lado do mundo, os municípios do arco do desmatamento amazônico são palco de interesses políticos e econômicos em torno de mega empreendimentos agrícolas que movimentam madeireiras ilegais, processos de grilagem de terras, de extermínio depopulações indígenas e de trabalho escravo. Enquanto acreditamos nas verborragias ditas no Congresso, currais políticos tradicionais do coronelismo são adeptos a à pistolagem. Enquanto são gastos rios de dinheiro todo ano para purpurinar bundas no Carnaval, milhares de meninas são vítimas do turismo sexual predatório. 

Nosso país ocupa a 7ª posição no conjunto dos 95 países do mundo analisados com maior taxa de homicídio. Segundo o Mapa da Violência de 2012, mais de 72 municípios brasileiros possuem taxas acima de 100 homicídios por 100 mil jovens, nível considerado já epidêmico. O estudo traz dados angustiantes nos quais revelam que os homicídios são hoje a principal causa de morte de brasileiros de 15 a 24 anos, atingindo especialmente jovens negros (71% pretos e pardos) do sexo masculino (92%), moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos.

A morte acompanha as mazelas sociais

O mais alarma é a tendência crescente dessa mortalidade seletiva, que escolhe a vítima pela cor de pele.  Destaque para os estados que possuem mais homicídios de negros: Alagoas fica com o sombrio 1° lugar de estado mais letal para os negros (200 homicídios por 100 mil jovens) e encabeçam a lista ainda o Espirito Santo, Distrito Federal, Pernambuco e Bahia. Sim o Distrito Federal!

Apesar das mulheres representarem apenas 8% do total homicídios, cabe pontuar que essas vêm sendo cada vez mais vitimadas. Anualmente, o número de mulheres assassinadas cresce 4,6% e, mais uma vez, a lista macabra de homicídios é composta em sua maioria por jovens. O Distrito Federal, neste quesito, aparece novamente praticamente no topo. 

Tais dados demonstram que o Brasil convive com uma espécie epidemia da violência, cujo caráter mais letal é tragicamente a indiferença quase cumplicidade de grande parcela da sociedade. Um cenário sinistro como esse o nosso deveria ser tratado como um verdadeiro caos social, mas diferentemente disso, o que vemos é um grau assustador de complacência do Estado em relação a essa tragédia. E como o sistema consegue isso? Simplesmente naturalizando a violência.

Brunna Guimarães Rodrigues, jornalista e graduanda em filosofia pela UnB.

Homem plástico



Engoliu tanto Vazio que entrou em coma
Comprou tanto que se vendeu
Estudou tanto e nada aprendeu
Trabalhou tanto, mas nada criou
Estranho homem esse,
Que faz tudo, menos o que o espirito quer
Que quer tudo, menos o necessário
Que rir de todos, mas não chora por ninguém
Estranho esse,
Que tem medo de morrer, mas se mata em vida
Que retém o dinheiro, mas joga fora o que de valioso tem
Que sonha os sonhos de todos
Que ama bonecos de plásticos
Que goza insatisfações
Estranho estranho
Por que acorda só para dormir?
Por que perde tempo com inutilidades?
Por que espera dos outros quando só esquenta o sofá?
Por que se maquia quando tua alma mal respira?
Aliás, por que respira? De que vale inspirar sem inspiração?
Por que procura pérolas em um mar de lama, afinal?
Saia da ficção que te impuseram
E se torne verdadeiramente real.

Beba vida!





Enquanto nossos olhos beijam vitrines e telas vazias a beleza do mundo vem sendo esquecida num canto qualquer.

Não deixe seu espirito partir, antes disso:

Abra a janela, rasgue a rotina, corra como criança, abrace arvores, se encharque de cachoeira, arrume as malas, doe e se doe, se desligue do que nada informa e forme seus próprios valores, saia da gaiola, voe alto, se lambuze com o que ama, leia bons livros, jogue fora preconceitos e julgamentos, sinta mais as pessoas, escreva teus pensamentos, agarre teus velhos sonhos,  e deixe para trás  ressentimentos, se surpreenda, descomplique, estude tua alma e não meras apostilas, ensine e aprenda aos montes, olhe mais para o céu e toque mais a terra, e o principal - se desconecte do que cheira a vazio, e beba mais alma!